sábado, 25 de dezembro de 2010

Se me deres a rosa

Se me deres a rosa
recolho os espinhos.
Deposito-os no poço do esquecimento.
Alivio tua dor
com o bálsamo da doçura.
Enxugo tuas lagrimas
com a embriaguez do meu sorriso.
Acolho-te no meu abraço.
Alimento tua alma com o meu prazer.
Levo-te no recôncavo do meu olhar.
Abraço-te com o amor
que um dia recusastes.
Dando-te a vida nos beijos
que a saudade despertou.
Se me deres a rosa...
Recolho os espinhos,
devolvo-te as pétalas.
(Piracicaba - 2006)

Olhares

Olhos nos olhos
que olham em olhos
que nos olham sem olhos
e buscam olhares.
Olhares que sentem,
pressentem
os olhos que nos olham
sem nos olhar.
Que sem nos olhar,
olham, olhando sobre os olhos
e sob olhares escondem
outro olhar.
(Verena Venancio - 21/11/99)

Esquecendo

Sem pensar em lhe querer,
acabei por querer você.
E nesse querer e não querer,
me apaixonei por você.
Me esquecei que pra lhe querer,
de mim eu tinha que esquecer.
E esquecendo de me esquecer,
acabei por esquecer você.

(20/11/99)

Quase tudo

Sabes que te amo,
por isso me esnobas.
Que te quero,
por isso comigo brincas.
Que te admiro,
por isso te vanglorias.
Que te espero,
por isso, de mim, desvias.
Que de longe te enxergo,
por isso te escondes.
Que em sonhos te beijo,
por isso te negas a estar ao meu lado.
Sabes tudo de mim.
Quase tudo...
Porque não sabes
que o meu amor por ti,
está chegando ao fim.

domingo, 5 de setembro de 2010


NInguém

Ninguém não existe em mim,
pois eu sou alguém.
Ninguém não existe em ti,
pois tu és alguém.
Ninguém não existe em nós,
pois nós somos alguém.

domingo, 15 de agosto de 2010

Toda coberta

Toda coberta,
Dos pés a cabeça.
Escondendo-se em panos,
Ofuscando seus traços, contornos,
Sua sensualidade.

Toda coberta,
Seguindo normas,
Contradizendo o clima,
Que clama por mostras,
Ainda que sutis,
Das linhas corporais.

Toda coberta, por fora.
Por dentro, toda nua.
O corpo ardente pelo sol
Reclama o respirar,
O sentir o vento pousar
E beijar os poros
Sedentos de calor.
Seu olhar reflete o desejo
De se livrar do peso
De servir à regra,
E não a si mesma.

Por fora, toda coberta.
Toda nua, por dentro.
E a cada passo,
Seu sonho de libertação
Ganha movimentos,
Sutilmente liberais,
Vagamente sensuais.
Que vão aos poucos,
Se tornando verdadeiras
Buscas de sua feminilidade.

Verena Venancio (Clirc)