domingo, 15 de agosto de 2010

Toda coberta

Toda coberta,
Dos pés a cabeça.
Escondendo-se em panos,
Ofuscando seus traços, contornos,
Sua sensualidade.

Toda coberta,
Seguindo normas,
Contradizendo o clima,
Que clama por mostras,
Ainda que sutis,
Das linhas corporais.

Toda coberta, por fora.
Por dentro, toda nua.
O corpo ardente pelo sol
Reclama o respirar,
O sentir o vento pousar
E beijar os poros
Sedentos de calor.
Seu olhar reflete o desejo
De se livrar do peso
De servir à regra,
E não a si mesma.

Por fora, toda coberta.
Toda nua, por dentro.
E a cada passo,
Seu sonho de libertação
Ganha movimentos,
Sutilmente liberais,
Vagamente sensuais.
Que vão aos poucos,
Se tornando verdadeiras
Buscas de sua feminilidade.

Verena Venancio (Clirc)